quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Utopia

Sorrateiro, se arrasta nos becos lúgubres
Insurgente, conta passos de trevas nas varandas
              [de casas rangendo dores crônicas
Atônito, não enxerga o peito em chamas
                                      [e sangue
Ah! O estrago da demência sombria
Campos de trigo morto, caído sob a relva
A catástrofe profetizada no pergaminho
                         [da biblioteca secreta
Casto, não compadece de suas privações
Dúbio, chora desespero e raiva flui de seus
                [lábios destituídos de sorrisos
A fome de morte devora as vísceras
A lua reflete suas fraquezas, destrutivas e vãs
Ah, se o silêncio o levasse para terras planas
Se o sal da terra lhe tirasse o fel impregnado
Se o vapor que sobe dos pântanos de sua
alma fossem céu encoberto de tristeza
                           [mas tristeza branda
Veria risos e sentimentos límpidos
               [com peixes a navegar sob sonhos
                                     [invernais
Lá seria sua eternidade sem sombra
                          [sem dúvida, sem ódio