domingo, 24 de setembro de 2017

Rio Moldava

As gotas d'água deslizam do lado de fora da janela, da sala
Num canto escuro da cozinha, sobras de doce de mamão,
Levadas por formiguinhas
O chiado ribomba na saída de som do rádio relógio, quebrado e colorido
O ferro de passar, cinza de tristeza lânguida, indelével

- Enquanto você se afoga nas retinas enfurecidas, num brilho azul esverdeado.

O sol intumescido: fuma um charuto, produzido em Singapura
Teu sorriso amarela as páginas de meu livro de cabeceira
Minha poesia grita sobras do almoço de quinta-feira
Kafka ecoou, sobre a ponte que rasga o rio Moldava
Sua sombra flutua sobre os antigos prédios da capital

- O que sobrou de ti dança ao som dos horrores de Mossul.
- Trincas meu coração aturdido, sob o horizonte intenso de uma vida sem memória.